21.7.06

Evolução dos Desenhos Animados (Parte I)


14:07 - Diz-me o relógio que já passam 7 minutos desde o fim desse fenómeno chamado "As Pistas da Blue". Ou seja, mais um dia que passa em que não posso assistir àquele que seria o meu programa preferido, se eu tivesse uns 3, 4 anos. Olhando para trás, mais exactamente para os meus 4 anos, e recordando os programas televisivos dirigidos a pessoas dessa mesma faixa etária, lembro-me que havia um programa semelhante às Pistas da Blue, a "Rua Sésamo". Mas o que é facto é que nem foi a "Rua Sésamo", nem mais tarde "O Jardim da Celeste", estes programas didáticos e divertidos, que marcaram a minha experiência como telespectador assíduo desses tempos. Olhando para os meus 4 anos, recordo-me principalmente de ver na RTP 1 uma série japonesa que seria o precedente dos míticos "Power Rangers" que viriam a surgir aos olhos dos portugueses na SIC, 1 ou 2 anos mais tarde. De facto, foi mesmo a SIC que passou a esmagadora maioria das séries infanto-juvenis que me marcaram e, acredito eu na minha humilde ignorância, marcaram também a grande maioria dos jovens da minha geração.

Hoje em dia pretende reverter-se aquilo que foi a instrução à violência, praticada durante anos suficientes para que a maioria dos desenhos animados que me lembro de ver quando era mais pequeno impliquem andar à pancada, com ou sem motivo aparente.
Ligo a televisão numa manhã de sábado e vejo dois rapazes, com as inconfundíveis feições à desenho animado infantil japonês, a ameaçarem-se com cartas na mão, ou com miniaturas de bonecos. Denoto apenas uma semelhança entre isto e a influência que os desenhos animados da minha altura.. esses desenhos animados faziam-me a mim e aos meus colegas ameaçarmo-nos com miniaturas de bonecos, mas com certeza não seria para irmos para um imaginário campo de batalha, em que os nossos bonecos se tornariam reais e lutariam entre eles.

O tempo "de antena" para os desenhos animados nas televisões públicas também tem diminuido drasticamente, sendo substituído por novelas e programas com o mesmo interesse (ou menos até) que uma partida de malha entre o Clube dos Amigos da Terra e o Clube de Caça e Outros da Charneca. Que é feito do Dragon Ball na SIC, às 16:30? Ou dos Pelezinhos na TVI às 17:00? De quem é a culpa? Dos canais temáticos! Sim, porque não é a mesma coisa ver o Dragon Ball na SIC ou na SIC Radical. Não acredito que as crianças que vêm assídua e religiosamente o canal Panda e o Cartoon Network mudem desesperadamente de canal de 5 em 5 minutos para a SIC Radical, de modo a conferir se já está a dar a tão aclamada série em que a pancadaria era fundamental e os motivos vinham depois.

Já passada a era do Dragon Ball, veio o Pokemon. Não tão violento, os humanos raramente se envolviam em cenas de bofetada, mas ao menos mandavam os seus animaizinhos de estimação combater por eles. O que podia retirar um pouco da violência, mas instruía à crueldade, fazendo-me lembrar as gloriosas noites no Marquês, em que os pitbull's com fome de 15 dias se defrontavam para que os donos lhes dessem alimento, caso tivessem um comportamento satisfatório (quer o cão, quer o dono).

Como o tempo não pára, nem abranda, vou ter que ficar por aqui neste primeiro post, cuja continuação está prometida para breve.
Aproveito apenas para dizer que também eu, Tommy Malone, fiel amigo de George Klowner, estou curioso por saber do seu paradeiro. Aguardo fervorosamente o teu regresso à blogosfera!

Sem mais de momento,
Tommy Malone, o vosso amigo luso-escocês. (não.. não uso kilt nem nada que se pareça!)